Caro Gustavo,
Felizmente admite para si o que é - sem preconceito - sendo este, um pensamento, sentimento, moderno e liberal. Felizmente, é um dos que faz diferença numa humanidade pouco sã e muito retrógrada. E felizmente, ao admitir para si mesmo aquilo que é aquilo que gosta sem receio e com esperança, iliba todas as mentes infecciosas no mundo onde vivemos.
E é por ser assim, é por admitir a pessoa que é, é por respeitar-se, é por amar o que o rodeia que aceita aquilo que o mundo lhe trás. É desta forma, que admite para si mesmo. Pois se a pequena "ideia" lhe fizesse alguma confusão, nunca admitiria a pessoa que é.
Pode parecer um pouco confuso aquilo que lhe estou a indicar agora. Por vezes não compreendemos pequenas palavras que se poderão tornar em grandes pensamentos.
Mas a realidade é que se nunca se aceitar a si mesmo, nunca ninguém lhe poderá aceitar.
Mas já o fez. Já se aceitou. O receio que gera ao contar para familiares este sentimento que é só seu - e como todos os sentimentos que tendemos em recear demonstrá-los, também receia dizer aos seus pais a pessoa que é.
A verdade é que a vida nos dá muitas surpresas. Acredito que não pensou algum dia admitir aquilo que sente hoje. Mas hoje, admite. Hoje demonstra ao mundo quem é e o que é , e o que sempre poderá ser.
Os nossos pais, são, de longe, os nossos melhores amigos. São os que melhor nos compreendem. Quando existe, da parte deles, alguma "rejeição" não é por ser o Gustavo a pessoa que é ou por demonstrar gostar e desejar algo ou alguém tão simples com uma sexualidade igual à sua. A rejeição que os pais demonstram, é , a maioria das vezes o seu próprio desejo. Ou seja, qual pai, não gostaria de ver os seus filhos casarem, terem netos, construírem casa e família? A ideia de demonstrar que tal poderia, eventualmente, não acontecer, os assusta e os rejeita.
Mas mais uma vez, e porque nem tudo é limitado no mundo onde vivemos, a sociedade se vai tornando cada vez mais ilibada de pensamentos frustrados e fechados. Fazendo assim, com que se demonstre várias soluções para este tipo de questões. Existem opções, que, ao gostar de uma pessoa que , por acaso, tem o mesmo sexo que o Gustavo, de nada lhe fará diferença. A possibilidade de "casar" existe. De adoptar e de ter filhos - Existe ! .
É importante demonstrar que esta é uma vontade, um pensamento e um desejo seu. Não significa que isso irá mudar radicalmente a sua vida.
O Gustavo continuará a ser o filho que os seus pais conheceram. Continuará a amá-los a respeitá-los e deseja, profundamente que exista o mesmo respeito e o mesmo amor por parte dos seus progenitores.
E acredite, que nunca, da parte deles foi o desejo de o deixarem de proteger.
Acredito, Gustavo, que o aceitarão facilmente. Mesmo que se demonstre algumas dificuldades, repensarão no assunto.
Não vale a pena assustar-se, e inibir-se daquilo que hoje é importante para si. A vida é apenas uma e deveremos vivê-la da forma mais ambígua e ambiciosa que poderá existir. Querendo sempre mais do maravilhoso que nos poderá trazer. Da mistura de sentimentos que nos fará sentir.
Os seus pais estarão lá. Mesmo inicialmente rejeitando a ideia. Mas Gustavo, para si ? Inicialmente ? Relembra-se? Talvez poderá também ter sido um tanto ou quanto complicado ou se não, curioso.
O que deverá demonstrar - mais uma vez - é a pessoa que é - a ambição que tem - e fazer ver - que os seus sentimentos continuarão a ser seus. Aceitando-se a si próprio cada dia e aceitando desta forma cada desafio.
Pense da seguinte forma:
Imagine a vida como um jogo. E como todos os jogos, deverá aprender a jogá-los ou nunca ganhará.
Mas, assim como todos os jogos, quando os "dados" rolam, existem passos para a frente, e passos para trás, obstáculos e questões.
Mas para ganhar, basta jogar - Ultrapassando-os cada dia e de cada vez.
Recorde-se: Aquilo que até hoje aprendeu a ser, não foi como inicialmente se conheceu a si próprio. Também um dia, já foi novidade. E assim como para si foi necessário compreender esta novidade e aceitá-la, o mesmo acontecerá para os outros. Mas hoje, esta novidade - já não o assusta.
- Espero ter esclarecido a sua dúvida, caro Gustavo. Mais uma vez obrigada pela sua participação.
Atenciosamente,
Dra.Sumpter.